Nunca viu comida não, Inácia?

                            




Minha mãe, uma senhora evangélica muito peculiar tinha uma amiga chamada Inácia, ou melhor: Irmã Inácia.

Eu devia ter por volta de sete ou oito anos de idade, quando ela esporadicamente aparecia para visitar a família.

Como uma típica família de periferia não tínhamos muitas guloseimas para degustar e, Irmã Inácia, sempre levava alguns doces e quitutes, por isso esperávamos ansiosa pela sua visita.

Mas o que não esperávamos é que a mesma visita, tão ansiada e esperada com bolo fresquinho de Dona Maria -minha mãe. Também esperava ansiosa pela oportunidade de nos visitar e devorar inteiro(literalmente), o delicioso bolo de fubá que mamãe carinhosamente preparara para o lanche. Enquanto proseavam sobre vida, dificuldades e as ciladas de satanás, não sobrava nem migalhas na forma!

Foi quando nasceu uma das dezenas de frases inesquecíveis da minha mãe: 

Nunca viu bolo não, Inácia?!

Como sempre tive fome sem fim, e gosto muito de comer. ouvia sempre:

“Nunca viu comida não, Inácia?”.

Nas minhas fases de leitora voraz,  andava sempre com um livro na mão.

E ouvia:

"Nunca viu livro não, Inácia?

Essa frase seria adaptada para qualquer situação de gula ou exagero durante toda minha infância e adolescência. 

                                     

Minha família é um caso hilário de comédia da vida privada. 

E eu não poderia deixar de ser diferente! Cada história, conto ou crônica que eu registrarei aqui, tem situações, pensamentos e acontecimentos inspirados em nós. Três irmãs, uma mãe presente um pai ausente, gatos e cachorros que sempre estiverem em nossas vidas, mesmo que alguns deles não fossem muito com a minha cara!


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