Nunca viu conto não, Inácia?





 Oi, pessoal! Tudo bem com vocês?

Meu livro tem vendido aos poucos e eu já recebi alguns retornos bem positivos!

E é claro! estou muito feliz!!

Hoje quero, compartilhar um dos meus contos que foi escolhido, para participar da Antologia: O Silêncio em Palavras, pela Editora Illuminare.

O livro será lançado ainda esse semestre.

Um homem cruza a soleira

 Ela era apenas uma garotinha, era domingo à noite, deitada em sua cama, pensava na aula do dia seguinte, adorava a escola. Pensou nas brincadeiras que faria com os amigos na rua, durante o dia. Deitada em sua cama, olhava sua mãe dormindo na cama ao lado, com uma de suas irmãs, ela dormia na cama de baixo do beliche, que dividia com a irmã mais velha. 

      Da sua cama, dava para ver a geladeira azul e velha, da pequena cozinha, que ficava a poucos passos do quarto. De repente, viu a figura de um homem se materializar á sua frente, pensou que devia ser sua imaginação. Já era madrugada, teve medo. Fechou os olhinhos bem apertados, esperando que assim como apareceu, a figura deveria ter desaparecido.      

     Abriu os olhos, o homem ainda estava lá. De chapéu e capa preta, não conseguia ver seu rosto. Com o coração acelerado, virou de costas. Foi quando ouviu passos que soavam pelo chão de cimento queimado e encerado, de cor vermelha. Paralisada pelo medo, não conseguia gritar, os passos estavam cada vez mais perto. 

      Apavorada, finalmente, conseguiu chamar sua mãe, que se levantou correndo, veio em seu auxílio, sem saber o motivo daquele grito apavorante. 

      Em seu colo, a garotinha tremia e soluçava, sem conseguir contar o que tinha visto. Quando estava um pouco mais calma, disse para sua mãe, o que aconteceu. Suas irmãs acharam que era um pesadelo, a garotinha, afirmava que ainda estava acordada quando teve a visão. Sua mãe, não sabia o que pensar.

       Depois de algumas horas, conseguiu pegar no sono, dormiu um sono inquieto e agitado. No outro dia foi para a escola, e em cada lugar que olhava, tinha medo de ver aquela figura novamente. Na sua cabecinha de criança que adorava histórias, nunca se imaginara fazendo parte de uma. 

       Como era esperado, alguns achavam que ela estava com a imaginação muito fértil, outros achavam ser algum ser maligno, ou o próprio diabo a visitá-la. Era preciso oração ou talvez acompanhamento psiquiátrico.

       Desde aquele dia, a garotinha nunca mais foi a mesma, tinha medo do escuro, não dormia de jeito nenhum de luz apagada, e não podia mais ficar sozinha em casa. Sua infância não foi igual a de outras crianças, pensava muito em coisas de céu e de inferno.

        Sabia o que tinha visto, mas não sabia, o porquê. Será que Deus não gostava dela? Será que corria perigo? Será que poderia ver algo pior a qualquer momento? Ela tinha medo de monstros, de ter algo embaixo de sua cama, de estar sendo perseguida. Vivia nervosa e agitada. Não era assunto que poderia dividir com alguém. 

        A garotinha, foi crescendo, antes de dormir, tentava não esquecer de fazer suas orações, cobrir bem os pés e cabeça com cobertor, não importando o calor que estivesse, assim se sentia mais segura. Nunca mais voltar a ver o homem de chapéu e capa preta.

         Conforme os anos foram passando, conseguiu seguir com a vida, sem nunca esquecer aquela visita inesperada e assustadora.

         Sua personalidade tornou-se introspectiva, seus silêncios povoados de dúvidas e eternos questionamentos. Depois de adulta, comemorou a primeira vez que conseguiu dormir sozinha em casa, com todas as luzes apagadas e a televisão desligada. 

         Pesquisava sobre mistérios, lendas e coisas místicas, tinha sentidos e intuição apurados. Enquanto muitos se perguntavam se existia, fadas, anjos e duendes. Ela tinha certeza de que o sobrenatural existia. Ela tinha visto e ouvido.

         Assim como muitas crianças pelo mundo, acredita que algumas tem a visão aberta para outras dimensões, que somos cercados de magia, e a mágica está em superar medos, procurar respostas. Ouvir os passos que nos levam para dentro de nós mesmos, nos impulsionam a seguir, e procurar outros caminhos. É madrugada, e a garota pensa, que pode ter uma amigo, que a acompanha de perto, que não quis assustá-la. E na hora certa ela irá ter mais respostas, ou a resposta seja apenas ter fé. 

        Me fale o que achou nos comentários!

Beijão, fiquem com Deus!

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