Nunca ouviu eco no vazio, não, Inácia?


 


Era uma vez, uma casa

Essa casa, não era como as outras...
A casa sentia e ouvia tudo, que os seus moradores faziam
Não era nada fácil para ela. Olhava as casas vizinhas e pensava, se com elas acontecia o mesmo, mas, nunca recebeu nenhum sinal, um assovio ou aceno de telhado, que confirmasse isso.

Que desespero sentiu, logo que começou a ser construída.
Lembra como se fosse hoje, a velha casa
Conforme seu alicerce foi sendo firmado, ela podia sentir seu corpo amadurecendo, e estranhas sensações.

Os tijolos, formaram seus cômodos, e a sensação de vazio aumentava.
Quando ficou pronta, a casa chorou...
Eram tantos quartos, corredores e salas...

A casa, sentia o eco, do vazio interior em cada coluna, e assim que a família veio morar, ela sentiu uma nova sensação: O não vazio.
A casa, aguardava pacientemente, que logo, algo mais agradável de sentir chegaria.
Os dias foram passando, vieram as semanas e os anos...

A casa, observou as crianças crescerem, os pais brigarem, os dias felizes, as festas, os choros e segredos de cada morador, todos eles tinham os seus.
E ninguém, nunca conseguiu ouvir, quando ela agradecia a nova pintura, ou o novo produto para o assoalho.

Ela gostava disso, os dias de faxina, faziam com que ela se sentisse vista.
Mas, do que adiantava ser vista, se ela continuava a não ser ouvida?
Há, como gostaria de falar para a senhora, que apesar dos anos ela ainda era bonita. Ao senhor, diria que admirava muito seu trabalho como artista. E diria aos pequenos, que agora já eram maiores que os senhores, que eles eram amados, mesmo que as vezes não parecesse. Ela entendia bem de ecos e vazios.

A casa, já tinha quarenta anos desde que fora construída, e muitas vezes teve que ser reformada, como naquela vez, que toda parte elétrica, teve que ser refeita, trocada por cabos e fios mais modernos e seguros, para que não acontecesse algum acidente doméstico, ou lhes faltassem luz.

A casa, já teve várias cores, já mudou a disposição de alguns cômodos, mas, continua a mesma. Ecoando o vazio em si, e a angústia de não ser ouvida.
Os pequenos, que agora são grandes, não aparecem mais, o senhor e sua arte, foi embora, e a senhora, estava cada vez mais quieta, até que um dos pequenos, que agora já era grande, apareceu um dia, e a levou embora.

"Depois desse dia, nunca mais vi a família, ninguém se despediu de mim." Pensou a casa.

"Antes de partir, a senhora disse, que a casa estava triste e vazia, levei um susto! Pensei que estivesse falando de mim. Não, ela estava falando dela mesma.
Já fazia alguns anos, que não via a família, apareceram alguns homens com chapéus engraçados e mediram o terreno em volta de mim.
Talvez, seja uma nova família, ainda sou uma casa boa para se viver.
Hoje, eles vieram acompanhado de um trator com uma bola gigante na frente, guinchos e algumas escavadeiras, estou esperançosa. Serão que um deles irá me ouvir?"


Você pode me dizer o que pensou ao ler essa história? Consegue ouvir o vazio da casa?

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