Nunca ouviu Funk, não, Inácia?

 Funkeiro, sim! 



Há muitos anos, cultivo o hábito de ouvir os mesmos músicos e os mesmos estilos musicais: Rock, Black americano, Rap, Reggae, MPB, Blues... e por aí vai...

E o Funk? Eu gostava de Funk, ou melhor, eu gosto de Funk. Sempre que escuto uma batida Funk, lembro do meu antigo bairro, lembro de infância, me identifico. 

E por que então, eu não estava mais ouvindo Funk? 

Vou responder. 

Primeiro, porque estou velha, segundo, é porque estou velha. 

Sim, a nova geração do funk, é jovem, o público é jovem, e estes sim, conhecem o que está acontecendo na cena e seus novos MCs e outros já de longa estrada.

Nós temos o hábito de não aprofundar o tema e criticar.

Quando comecei a dar aula, meus alunos adolescentes sempre  me perguntavam, se eu conhecia este ou aquele músico, e eu, sincera, respondia: Nunca ouvi falar!

E eles não acreditavam! Então eu sempre pedia para eles me mostrarem ou anotarem o nome em um papel, para eu ver em casa.

Comecei a perceber muita coisa bacana e o meu próprio preconceito enrustido! 

É isso mesmo! Se eu cresci ouvindo: "Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci..." Rap da felicidade de Cidinho e Doca.

É óbvio, que na mesma batida funk, teriam outros com letras de protesto e respeito pela realidade das favelas e periferias. 

Eu percebi que estava brigada com o funk, por causa das letras ridículas que eu ouvia por aí, como se tivessem roubado minha boneca e colocado uma outra roupa nela sem minha aprovação.

Como a maioria dos brasileiros eu me fechei para o funk, revoltada com as letras pornográficas e desmoralizante  feminina, afinal, trabalho desde os 11 anos, então decidi que não iria ouvir uma música em que as mulheres, chamadas de cachorra, interesseira e por aí vai...

E agora eu vou falar para vocês, eu estava perdendo muita coisa boa! 

Eu sou completamente apaixonada por música! Por educação, por progresso, pelo nosso país, pelo nosso povo batalhador e generoso. E através dos meus alunos e do meu enteado que escreve e está começando sua carreira como MC, comecei a conhecer mais músicos e pesquisar sobre suas trajetórias e todo o trabalho bem feito, com letras bem estruturadas e apaixonantes. 

São jovens e outros nem tanto, que trabalharam e trabalham duro, para viver da sua arte, sentem tanto amor  pela vida, pela família, pelos amigos e por si próprios que não se rendem!

Não importando as circunstâncias, eles simplesmente se negam a desistir de colocar nas letras e nas batidas, suas dores, desamores, injustiças, humilhações e todo o resultado da desigualdade social que sempre atinge a nós, os que vivem às margens.

Eles souberem filtrar todo o ódio  de que foram alvo e metralharam os nossos ouvidos com seus sentimentos e seus sonhos.

As dores dos abusos sofridos, vão sendo extirpadas nas canções, gritando alto: "Que não é assim, não vamos nos acostumar! Fomos desrespeitados e estamos vivos e vamos continuar, por nós e pelos que já se foram cedo demais"

Esses MCs, salvaram suas vidas e estão salvando milhares de jovens, com suas palavras de esperança, superação, respeito à família e a comunidade com letras de protesto inteligente!!  Esses são os jovens que vão trazer mudança para um futuro mais justo e com prosperidade para todos.

Plantando a semente do respeito do estudo e da fé.

Vou parafrasear a frase de um desses MCs:

 "Inteligentemente é ruim de aturar"


Quer saber quem é ?


Comece por aqui:


Hit do ano - O peso da Luta 


https://youtu.be/b7_aAOzDaSY?feature=shared


Garanto que assim como eu, vão se surpreender!


Gratidão aos MCs!


Qual sua opinião sobre o funk? Relate uma experiência positiva!

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